1945 O "2 de Julho": Um Símbolo de Iniciativa e Educação em Três Lagoas - Bolsão em Destaque de Três Lagoas
A Historia de Três Lagoas

1945 O “2 de Julho”: Um Símbolo de Iniciativa e Educação em Três Lagoas

Em 21 de abril de 1945, os alunos do Ginásio “2 de Julho” lançaram o primeiro número de seu jornalzinho, “O ‘2 de Julho'”, como uma demonstração do grande interesse que reinava pela educação e civismo na cidade de Três Lagoas. Este periódico não era apenas mais um entre tantos, mas um verdadeiro símbolo da dedicação dos jovens e da força da educação como pilar da sociedade. Sob a direção de Laurinda Jorge e redação de Aldahir Cameschi, este primeiro número introduzia a população ao que seria uma plataforma de aprendizado intelectual e cívico para a juventude escolar.

A iniciativa de criar um jornal escolar naquele período era um reflexo claro da valorização da imprensa como ferramenta de aprendizado, principalmente em países democráticos. No Brasil da década de 1940, em um cenário de guerra mundial, o estímulo à educação e ao desenvolvimento intelectual era visto como um caminho para o progresso. “O ‘2 de Julho'” não se propunha apenas a ser uma ferramenta de ensino, mas também a trazer os jovens de Três Lagoas para um contato mais íntimo com a vida escolar e com as questões da cidade.

A Missão de “O ‘2 de Julho'”

Com uma mensagem de apresentação clara e direta, os responsáveis pelo jornal salientaram que ele serviria como um espaço de expressão para os alunos do Ginásio “2 de Julho”. Este era um projeto que abraçava a educação em seu sentido mais amplo, oferecendo aos jovens a oportunidade de desenvolver suas habilidades em áreas que iam além das salas de aula. O jornal prometia ser um “órgão de aprendizado intelectual e cívico”, uma verdadeira tribuna para a juventude de Três Lagoas.

O texto de apresentação não deixa dúvidas sobre o impacto que os fundadores esperavam que o jornal tivesse na comunidade escolar e na cidade como um todo. Eles mencionam que o objetivo era contribuir para o “integral aproveitamento dos esforços de nossos educadores”, algo que denota a importância atribuída à educação de qualidade. “O ‘2 de Julho'” tinha como missão proporcionar aos estudantes a chance de se desenvolverem como cidadãos plenos, conscientes de seu papel na sociedade.

João Magiano Pinto: Um Pioneiro da Educação

Um dos destaques deste primeiro número de “O ‘2 de Julho'” foi a homenagem a João Magiano Pinto, uma figura de extrema importância na educação de Três Lagoas e de Mato Grosso então na época. Ele é descrito como um verdadeiro pioneiro da educação na cidade, uma pessoa cuja influência foi sentida por décadas. O artigo traça uma imagem poética de seu impacto, lembrando dos tempos em que ele ensinava em uma simples choupana, com “algumas crianças, e de pé, um moço ainda quase imberbe”, cuja dedicação e visão educacional eram evidentes.

As memórias de João Magiano Pinto, tanto como Diretor do Ginásio “2 de Julho” quanto como Reitor, são apresentadas de forma reverente. O artigo destaca que ele ofereceu um grande dispêndio moral e espiritual, além de recursos materiais, para transformar a educação local em um modelo para o Brasil. Ele é lembrado como o “sacerdote da educação”, alguém que acreditava profundamente no poder transformador do ensino.

A homenagem a Magiano Pinto demonstra o respeito que os alunos e a cidade tinham por sua figura, reconhecendo sua dedicação à formação das novas gerações. A narrativa criada em torno dele revela o quanto a educação era um valor central para a comunidade de Três Lagoas, algo que transcendia o ambiente escolar e impactava o desenvolvimento da cidade como um todo.

Dr. Julio Müller: Outra Figura Notável

O artigo também presta tributo ao Dr. Julio Müller, estadista de renome e Interventor Federal no Estado de Mato Grosso. Durante uma reunião do Grêmio Estudantil “2 de Julho”, os alunos da 1ª série ginasial o elegeram como “presidente de honra”, em reconhecimento por seu trabalho e apoio à educação na região. Sua influência foi fundamental para o crescimento e consolidação do Ginásio, e o Grêmio sentiu-se honrado por poder contar com uma figura tão importante em seu quadro de lideranças.

A decisão de nomear Julio Müller como presidente de honra é apresentada como um gesto de gratidão pelo apoio recebido, algo que reflete o espírito de colaboração entre as lideranças políticas e a comunidade escolar. O texto destaca que a nomeação foi uma “escolha decidida e leal”, evidenciando a forte conexão entre o Dr. Müller e os objetivos educacionais do Ginásio.

O 21 de Abril: Um Dia de Significado Histórico

A data de publicação deste primeiro número de “O ‘2 de Julho'” não foi escolhida por acaso. O dia 21 de abril, como o artigo explica, é um marco importante na história do Brasil, celebrando a memória de Tiradentes, um dos grandes heróis da independência do país. A narrativa traçada no artigo sobre o “21 de Abril” ressalta o espírito de liberdade e patriotismo que o dia representa, conectando-o ao sentido mais amplo de educação e cidadania que o jornal promovia.

Tiradentes, “este grande patriota derramou seu sangue pela Pátria”, é lembrado como um exemplo de sacrifício e amor pela liberdade, valores que também guiaram os jovens na criação do jornal. A data simboliza não apenas a luta pela independência, mas também a contínua luta pela educação e pelo desenvolvimento de uma sociedade mais justa e esclarecida.

Veja a primeira página:

O “2 de Julho” e o Orgulho Cívico em Três Lagoas

Na segunda página do primeiro número do jornal “O ‘2 de Julho'”, publicado em 21 de abril de 1945, há um claro esforço para reforçar a identidade patriótica e histórica dos estudantes e da cidade de Três Lagoas. A temática central continua a ser a educação e o civismo, agora ampliada pela reverência às figuras históricas que moldaram a história do Brasil. A página inclui uma rica variedade de artigos, todos com uma forte ênfase no patriotismo, na lembrança histórica e na honra a personalidades influentes do país.

A Execução de Tiradentes

O destaque da página é o artigo intitulado “A execução de Tiradentes”, assinado pelo pseudônimo ISIS. O texto descreve a execução de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, uma das figuras centrais da Inconfidência Mineira, que foi enforcado em 21 de abril de 1792. A autora expressa a solenidade e a tristeza desse evento histórico, enfatizando o impacto profundo da execução não apenas para o momento, mas para a construção da memória nacional.

A narrativa traçada por ISIS utiliza um tom dramático e descritivo para envolver o leitor, transportando-o para o momento sombrio da execução. A descrição da última caminhada de Tiradentes, sua postura diante da morte e sua fé inabalável, sugerem que ele se sacrificou de forma consciente pela Pátria. A autora destaca o legado heroico de Tiradentes, chamando-o de mártir e herói da independência brasileira, que serviu como exemplo de “patriotismo e sacrifício pela liberdade”.

A escolha de abrir a segunda página com essa reflexão sobre Tiradentes reflete o desejo dos editores de “O ‘2 de Julho'” de inspirar os jovens estudantes com o exemplo de figuras que se sacrificaram pelo país. Assim como Tiradentes deu sua vida pela liberdade, os alunos eram encorajados a dedicar seus esforços ao aprendizado e ao bem da sociedade.

Rio Branco: O Grande Chanceler

Outro artigo importante é uma ode a José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, grande estadista e Chanceler do Brasil. Intitulado “Rio Branco” e assinado por Yolanda de Siqueira Campos, o poema exalta a figura do Chanceler como um dos maiores diplomatas do país, reconhecido por seus esforços em resolver disputas territoriais e fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional.

O texto enaltece a habilidade de Rio Branco em conduzir o Brasil em tempos de crise, com “justiça aos princípios da lei” e com “amor nas dissensões da grei”, em uma clara referência à sua atuação na resolução de questões fronteiriças e diplomáticas. A autora ressalta que, graças ao trabalho do Chanceler, o Brasil vive em paz e harmonia com seus vizinhos. Rio Branco é apresentado como um símbolo de liderança firme e sábia, cujo legado continua a inspirar a nação.

Este poema reforça o sentimento de orgulho nacional e o papel da diplomacia na construção de uma nação forte e respeitada internacionalmente. Assim como Tiradentes representa o sacrifício pela liberdade, Rio Branco é o emblema do progresso pacífico e diplomático, mostrando aos jovens leitores a importância da inteligência e da liderança no desenvolvimento do país.

Um Fato Histórico: Reflexão Sobre Tiradentes

Além do artigo principal sobre Tiradentes, o texto “Um Fato Histórico”, também dedicado ao mártir da Inconfidência Mineira, aprofunda a análise de seu sacrifício e seu impacto na história do Brasil. A autora expressa seu entusiasmo em abordar esse momento histórico, destacando o fato de que Tiradentes enfrentou a morte com uma calma impressionante, evidenciando sua fé e crença na justiça de sua causa.

O texto reflete sobre a importância de Tiradentes para a juventude brasileira, enfatizando que sua luta pela independência serve como inspiração para todos os que desejam um Brasil mais justo e livre. A autora sugere que a verdadeira força de Tiradentes estava em seu “desprendimento”, sua disposição de sacrificar sua própria vida pelo bem maior da Pátria.

Homenagem ao Dr. Julio Müller

A segunda página também inclui a continuação da homenagem ao Dr. Julio Müller, Interventor Federal e presidente de honra do Grêmio Estudantil “2 de Julho”. O Grêmio, através de Isis Terezinha Fleury Guimarães, expressa seu orgulho por ter escolhido uma figura tão ilustre para representar seus interesses e liderar seus esforços em promover o civismo e a educação entre os jovens de Três Lagoas.

O reconhecimento do Dr. Julio Müller demonstra o respeito que os estudantes tinham por aqueles que, como ele, dedicavam suas vidas ao serviço público e ao desenvolvimento do estado de Mato Grosso. O texto destaca que a escolha de Müller para presidente de honra não foi apenas um gesto simbólico, mas uma verdadeira expressão de gratidão por seu compromisso com a educação e a juventude.

Veja a segunda página:

Este primeiro número de “O ‘2 de Julho'” oferece um vislumbre do fervor intelectual e cívico que marcava a juventude de Três Lagoas em meados do século XX. Sob a liderança de professores e figuras notáveis como João Magiano Pinto e Dr. Julio Müller, os alunos do Ginásio “2 de Julho” buscaram não apenas aprender, mas também transformar sua comunidade através da educação.

Através de suas páginas, “O ‘2 de Julho'” serviu como uma plataforma para a expressão juvenil, para o debate de ideias e para a valorização da educação como um meio de transformação social. Este foi um jornal que, mesmo em suas primeiras edições, já indicava a importância de formar cidadãos críticos, informados e comprometidos com o bem-estar de sua cidade e de seu país.

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