A Companhia Luz e Força de Três Lagoas e os Desafios do Fornecimento de Energia na Década de 1920
Na década de 1920, Três Lagoas, uma cidade em crescimento no então estado de Mato Grosso, enfrentava uma série de desafios em relação ao fornecimento de energia elétrica. A edição da Gazeta do Comércio da época nos oferece uma visão detalhada sobre esses desafios e o papel crucial desempenhado pela Companhia Luz e Força de Três Lagoas, uma empresa que se tornou essencial para o desenvolvimento da cidade, mesmo diante das dificuldades técnicas e logísticas.
Fundada como uma Sociedade Anônima ela era localizada na Av Noroeste, seu diretor presidente era o Srº Antônio Carlos de Mello Mattos, a Companhia Luz e Força de Três Lagoas foi criada com um capital significativo de 600:000$000, dividido em ações de 100$000, com o objetivo de explorar diversos setores industriais. Entre os serviços oferecidos pela companhia estavam a iluminação pública e particular, a geração de energia elétrica, o beneficiamento de arroz, a fabricação de fubá de milho, de gelo, e a realização de outros trabalhos públicos.
A usina termoelétrica era responsável por fornecer energia para residências e estabelecimentos comerciais. No entanto, o fornecimento de energia elétrica para toda a cidade se mostrou um desafio maior do que o esperado.
Desafios na Distribuição de Energia e Iluminação Pública
Apesar das promessas de modernização, a distribuição de energia em Três Lagoas não alcançou todas as áreas da cidade de maneira uniforme. Muitas ruas, especialmente no centro da cidade, sofriam com a falta de iluminação pública. Esse problema era motivo de frustração para os moradores, que esperavam um serviço mais eficiente e confiável, especialmente em áreas mais movimentadas.
A instalação domiciliar de luz elétrica, embora disponível, era ainda um privilégio para alguns, e o custo das instalações variava conforme o número e tipo de lâmpadas utilizadas. Esse fato demonstra que a eletricidade não era amplamente acessível a todos, refletindo as limitações da infraestrutura elétrica da época.
O jornal também destaca as regras e regulamentos que governavam o uso da eletricidade. As contas de luz deviam ser pagas mensalmente, e qualquer instalação só podia ser realizada com a autorização prévia da companhia. A Companhia Luz e Força de Três Lagoas mantinha o direito de interromper o fornecimento de energia em caso de inadimplência ou uso inadequado, o que enfatiza o controle rígido necessário para gerenciar um serviço ainda em fase de desenvolvimento.
Essas regras eram essenciais para o funcionamento da empresa, mas também refletiam as dificuldades técnicas enfrentadas na expansão do serviço de energia. A necessidade de autorização para cada nova instalação e a possibilidade de interrupção do serviço indicam que a rede elétrica estava longe de ser estável ou onipresente.
A Companhia Luz e Força de Três Lagoas foi uma peça central no desenvolvimento da cidade durante a década de 1920. No entanto, os desafios de fornecer energia elétrica para toda a cidade, especialmente em termos de iluminação pública, demonstram as limitações enfrentadas pela empresa. As dificuldades encontradas na distribuição de eletricidade e a falta de iluminação em diversas ruas do centro evidenciam que Três Lagoas ainda tinha um longo caminho a percorrer rumo à modernidade plena.
Essa edição da Gazeta do Comércio serve como um testemunho das complexidades e aspirações de uma cidade em busca de progresso, lidando com as limitações tecnológicas da época e as expectativas de seus cidadãos.