Analistas apostam em retomada do consumo interno de carne bovina em agosto, o que pode incentivar avanço no preço do boi gordo
“As escalas de abate alongadas não duram para sempre”, diz a Scot Consultoria, que acredita em retomada mais firme de compras de boiadas a partir deste mês
As escalas de abate nas praças do interior de São Paulo, referência para outras regiões pecuárias brasileiras, seguem alongadas na maioria das indústrias locais, atendendo, em média, o mês vigente, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário brasileiro.
Com isso, diz a engenheira agrônoma Jéssica Olivie, analista da Scot, ao longo desta semana, a pressão no preço pago pela arroba do boi gordo para o mercado interno surtiu efeito.
Durante os cinco dias desta semana, a arroba do boi paulista “comum” (sem padrão-exportação) acumulou baixa de R$ 4/@, fechando a sexta-feira (5/8) em R$ 304/@, valor bruto, no prazo, informa a Scot.
Os preços das fêmeas prontas para abater ficaram estáveis nesta sexta-feira, após algumas desvalorizações no meio da semana.
Dessa maneira, segundo a Scot, a vaca gorda é vendida por R$ 280/@ em São Paulo, enquanto a novilha gorda sai por R$ 297/@ (preços brutos e a prazo).
Bovinos com destino ao mercado da China (abatidos com até 30 meses de idade) recebem ágio em relação ao gado “comum”, sendo negociados por R$ 315/@ no mercado paulista, de acordo com a Scot.
Na avaliação de Jéssica, embora a arroba tenha perdido força nas últimas semanas, o ritmo de queda é limitado pelo ótimo desempenho das exportações de carne bovina in natura.
No acumulado do ano, foram exportadas 1,1 milhão de toneladas de carne bovina in natura, um aumento de 22% frente ao resultado obtido no mesmo período do ano passado. “Quando comparado ao mesmo acumulado de anos anteriores, 2022 é recorde”, destaca a analista da Scot.
Em julho, o volume total embarcado foi de 167,3 mil toneladas, com um preço pago por tonelada em alto patamar (US$ 6,5 mil).
Bem-vindo agosto – Com a virada do mês, cresce a expectativa de melhoria no consumo de carne bovina, diz Julia Zenatti, também analista de mercado da Scot Consultoria.
“No curto prazo, a expectativa é de melhora no escoamento de carne bovina no mercado doméstico, reflexo do período de pagamento de salários e aprovação de auxílios governamentais”, afirma Julia.
Além disso, continua ela, com a festividade do Dia dos Pais se aproximando, o consumo pode dar um salto nas próximas semanas – onde há festança, há carne bovina na mesa dos brasileiros e muita comemoração entre amigos e familiares regada ao tradicional e insubstituível churrasco de picanha e demais cortes bovinos.
Na opinião da analista, esses fatores apontados acima, atrelados ao atual movimento de queda nos preços internos da carne bovina e a um bom cenário exportador, podem melhorar a liquidez no mercado do boi gordo nas próximas semanas.
Para o boi-China, os preços devem seguir firme com possíveis altas, a depender da oferta de animais jovens, “uma vez que as atuais escalas de abate da indústria não vão durar para sempre”, acredita Julia.
Segundo dados apurados pela IHS Markit, a primeira semana de agosto termina com preços estagnados diante do aparente equilíbrio entre oferta e demanda.
Na última sexta-feira(05), diz a IHS, se observou avanços nas escalas de abate em muitas unidades frigoríficas, reflexo de um maior fluxo de negócios.
“Embora tenha-se notado uma especulação baixista durante a semana, os negócios efetivados ocorreram alinhados às máximas vigentes, o que mantem o quadro de acomodação dos preços”, observa a IHS, referindo-se ao quadro geral envolvendo as principais praça pecuárias do País.
De acordo com a IHS, as indústrias mantêm uma maior cautela nas compras de boiadas gordas e seguem testando empregar novos negócios a valores abaixo das máximas, limitando futura altas mais significativas.
Porém, diz a consultoria, não há grandes volumes de efetivação de negócios muito longe dos parâmetros atuais. “As escalas apresentam volumes mínimos disponíveis para operação entre o dia 18 e 22 de agosto, e as indústrias seguem atuando de forma a completar suas programações até o final da terceira semana do mês”, relata a IHS.
Na avaliação dos analisas da consultoria, diante da entressafra, a oferta de animais terminados já é enxuta no País e pode registrar arrefecimento a partir da terceira semana de agosto, impactando em escalas mais curtas e um maior apetite comprador por parte das indústrias.
Cotações máximas de machos e fêmeas nesta sexta-feira, 5/8
(Fonte: IHS Markit)
SP-Noroeste:
boi a R$ 315/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 287/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 285/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca R$ 275/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 275/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 275/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 265/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 285/@ (prazo)
vaca a R$ 265/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 280/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 324/@ (à vista)
vaca a R$ 300/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 324/@ (à vista)
vaca a R$ 272/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 280/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 280/@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 284/@ (prazo)
vaca a R$ 280/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 280/@ (prazo)
vaca a R$ 265/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 280/@ (à vista)
vaca a R$ 263/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 270/@ (à vista)
vaca a R$ 255/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 292/@ (prazo)
vaca a R$ 273@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 275/@ (à vista)
vaca a R$ 260/@ (à vista)
Fonte portaldbo