Bolívia critica Bolsonaro por oferecer asilo a ex-presidente Áñez no Brasil
Para o governo da Bolívia, o presidente Jair Bolsonaro tenta ingerir em assuntos internos da Bolívia. O ministro de Relações Internacionais lamentou as 'infelizes declarações' do presidente brasileiro.

O governo da Bolívia criticou a proposta do presidente Jair Bolsonaro de conceder asilo político a Jeanine Áñez, condenada a 10 anos de prisão por assumir a presidência após a queda de Evo Morales em 2019.
“Lamentamos as infelizes declarações, que são absolutamente impertinentes; fazem uma inapropriada ingerência em assuntos internos”, disse o ministro de Relações Exteriores boliviano, Rogelio Mayta nesta terça-feira (28).
“Sob nenhuma concepção é possível aceitar a ingerência nas decisões que soberanamente correspondem à Justiça boliviana”, afirmou ele.
Além disso, Mayta defendeu a condenação de Áñez e disse que a Bolívia apresentará uma queixa diplomática contra o Brasil.
Bolsonaro declarou no domingo que faria o possível para a ida de Áñez ao Brasil. Ele também afirmou que considera injusta a prisão da ex-presidente interina (2019-2020) da Bolívia.
Áñez, que se define como presa política, agradeceu a Bolsonaro no Twitter, ela garantiu que não sairá do país.
Como Áñez chegou ao poder
A Justiça considera que Áñez chegou à Presidência de forma inconstitucional em novembro de 2019, após a renúncia de Evo (2006-2019).
Evo deixou a presidência pois estava sendo pressionado por protestos. Ele havia sido reeleito para um novo mandato, e a Organização de Estados Americanos (OEA) apresentou uma suposta denúncia de fraude eleitoral (posteriormente, essa denúncia foi questionada por diversos estudos).
Áñez era a segunda vice-presidente do Senado. Havia outras pessoas na linha de sucessão: o vice-presidente, a presidente do Senado e o presidente da Câmara. Nenhum deles aceitou assumir o cargo, que acabou com Áñez.
Na ocasião, o Tribunal Constitucional endossou o procedimento que a levou ao poder.
Ela chegou ao poder com a promessa de organizar novas eleições.
O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer seu Governo, seguido de Estados Unidos, União Europeia, Rússia, entre outros.
As eleições foram realizadas em outubro de 2020 após dois adiamentos pela pandemia e foram vencidas por Luis Arce, afilhado político de Morales.
Áñez foi detida em março de 2021 e condenada em 10 de maio.