Brasil volta ao Conselho de Segurança da ONU após 10 anos
Itamaraty afrma que país estará em 'posição privilegiada para atestar seu compromisso com a reforma' do Conselho, mas analistas ressaltam que pauta vem perdendo importância no governo há anos
O Brasil foi eleito membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU pela 11ª vez nesta sexta-feira, em uma votação da Assembleia Geral, retornando ao organismo após dez anos. Pela carta da ONU, o Conselho é o órgão encarregado de zelar pela paz e a segurança internacionais.
As 10 vagas no Conselho são definidas por áreas geográficas a cada dois anos. O país era o único candidato do grupo que engloba a América Latina e Caribe, que, desde 2006, tem uma tradição de não estabelecer competição para a candidatura, com um rodízio de países planejado antecipadamente. O órgão tem ainda, desde que a ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial, cinco membros permanentes, com poder de veto — EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.
Após a votação, o Itamaraty reiterou seu compromisso com a ampliação do número de membros permanentes do Conselho de Segurança, uma antiga reivindicação do Brasil e de países como Índia, Alemanha e Japão, que formam o chamado G-4. A criação de novas cadeiras permanentes, que reflita melhor a arquitetura de governança do mundo atual, também é uma reivindicação de países africanos como Nigéria e África do Sul.
“O Brasil estará em posição privilegiada para atestar seu compromisso com a reforma do CSNU [Conselho de Segurança da ONU], para resguardar a legitimidade da atuação da Organização das Nações Unidas diante dos múltiplos e complexos desafios enfrentados pela comunidade internacional”, disse o ministério em nota.
A última participação brasileira no Conselho ocorreu entre 2010 e 2011, e a intenção a princípio era apresentar uma outra candidatura apenas para os anos de 2033 e 2034. Em 2018, porém, o governo fez um acordo com Honduras, que seria a candidata agora em 2021, antecipando sua candidatura. Na época, o governo de Michel Temer tinha Aloysio Nunes Ferreira como chanceler.