Câmara realiza segunda audiência pública sobre segurança nas escolas - Bolsão em Destaque de Três Lagoas
Três Lagoas

Câmara realiza segunda audiência pública sobre segurança nas escolas

Na manhã desta quarta-feira (23), no plenário da Câmara Municipal de Três Lagoas, por meio de uma propositura da vereadora Charlene Bortoleto, aconteceu a 2ª Audiência Pública sobre “Segurança nas Escolas na Era Digital: como preparar seus filhos para esta realidade”, com palestras ministradas pelo psicólogo Sydnei Ferreira Ribeiro Junior e pelos profissionais de educação Giovany Vicente da Silva, Adriano Abrão e Maria Laura C. dos Santos. Estavam presentes os alunos das escolas Joaquim Marques (8º ano) e FUNLEC (1º e 2º ano), alguns diretores, professores e representantes de vereadores e secretários municipais.

Sydnei iniciou a audiência. O psicólogo é analista da Promotoria de Justiça, atua no Ministério Público de Três Lagoas há mais de 20 anos. É ex-presidente do Conselho Municipal Anti-Drogas (COMAD) e atual membro, especialista em Psicologia Comportamental, especialista em Auditoria e Controladoria, especialista em Direitos Humanos, especialista pela prática em Psicologia Forense.

“A internet, usada de uma maneira errada, aumenta muito a questão da violência”, ressaltou. Após definir e relatar sobre alguns acontecimentos trazidos pelas mídias que foram prejudiciais, elencou equipamentos físicos que foram usados para a segurança nas escolas: catracas, detector de metais, cadeados, grades, câmeras de vigilância etc. “Nada disso adianta, pois para ter segurança é preciso que exista o clima de satisfação, que o aluno goste de ir para a escola para aprender, para ser bem recebido. Uma pesquisa nos EUA apontou que equipamentos de segurança nas escolas não coibiram as ações de violência, causando, inclusive, efeito negativo no aprendizado, pois gera insegurança”.

“É importante também que as escolas se preparem para a cultura da paz, que as secretarias de educação, saúde, assistência social e segurança pública, bem como a comunidade, trabalhem de mãos dadas”, destacou o palestrante, que encerrou falando sobre o uso escolar do Facebook e Whatsapp, fazendo com que a escola atue como mediadora nessas plataformas de relacionamento, o que exige conhecimento de comunicação e gestão.

O segundo a falar foi Giovany, que é professor, graduado em Letras e Psicologia, pós-graduado em Psicopedagogia e especialista em Comunicação e Oratória. Já atuou como gestor escolar, coordenador pedagógico e diretor escolar. Foi vereador na cidade de Castilho (SP), gestão 2017-2020. Atualmente, é professor de educação infantil e professor de comunicação e oratória pelo Instituto Educacional de Desenvolvimento Pessoal (EFATA).

Ele iniciou reforçando a mensagem que deve ser levada após a audiência: “a internet é um instrumento de bem, que muda e transforma a vida positivamente se for bem usada”. Na sequência, falou sobre traumas que carregamos após situações de abuso, bullying e falta de apoio, trazendo o tema da inteligência emocional, apontando que: “ao sinal de qualquer tristeza, o corpo, as ações mudam. É preciso ficar atento aos sinais. E com a internet, é mais fácil, pois as pessoas postam nas redes sociais, mudam a foto de perfil, dão indiretas”, enfatizou.

“Expressar o sentimento é importante”, destacou ao explicar que, assim que se ver numa situação de bullying, é preciso se manifestar, dizer que não quer ou gostou daquilo. Outra ação é se questionar, conhecer as próprias emoções, entender porque certas coisas te deixam tão irritados.

A terceira palestra foi feita pelo professor Adriano Abrão, que é graduado em Letras (Português e Inglês) pela Faculdades Integradas Rui Barbosa, com especialização em Revisão de Texto pela AVM Faculdade Integrada. Atualmente, é professor na Fundação Lowtons de Educação e Cultura (FUNLEC), Docente da Teoria do Centro Educacional de Andradina e Docente da Teoria da Escola 14 de Agosto. Tem experiência na área de letras, com ênfase em Língua Portuguesa.

Adriano retratou o difícil cenário atual dos professores, trazendo notícias como: “professor agredido” e “professores afastados por transtornos mentais”. O palestrante também apresentou diversos dados. No Brasil, apenas 67% do tempo em sala de aula é usado para ensinar, o tempo restante é para acalmar a bagunça da sala ou com burocracias. Em outros países, o tempo aproveitado de aula é de 85%. Cerca de 40% dos professores trabalham em mais seguimentos da educação, e as principais reclamações em sala de aula são sobre desinteresse dos alunos (53%), burocracias pedagógicas (25%) e negligência dos responsáveis (18%). Mais de 50% trocariam de emprego de professor por outro.

“Brasil é o país que mais desvaloriza a profissão do professor. E não é por conta do salário, mas pela percepção que a sociedade tem. Ainda que aqui no Mato Grosso do Sul nós temos o melhor salário do país”, desabafou.  Adriano também falou que estudar está se tornando uma tarefa chata em comparação com as mídias, as novas tecnologias e profissões como youtuber, gamer, ticktocker. A escola passa a ser um plano B. “Temos que multiplicar essa valorização e respeito ao professor, à educação nas redes, na internet e germinar essa ideia”, defendeu.

Sayuri relatou caso de pais que brigam com os professores para dar notas melhores aos filhos. “Os pais só querem saber da boa nota, mas não do processo, do aprendizado. Por exemplo: estudar 15 minutos antes da prova não é estudar, é tentar decorar alguma coisa pra passar e não para aprender. Hoje a sociedade foca no resultado e não no processo”, respondeu o professor.

A última palestra foi com Maria Laura, professora da rede pública estadual e municipal há 22 anos. Maria é pedagoga pós-graduada em Gestão Educacional, foi diretora de Combate ao Racismo da FETEMS e presidente do SINTED de Três Lagoas e Selvíria. Atualmente, é vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Três Lagoas e membro do Conselho Municipal do Negro.

A pedagoga reforçou sobre como a sociedade está doente hoje com as novas mídias: “o pensamento hoje é de que eu preciso me validar nas redes sociais para me sentir querido, aceito. As pessoas não vivenciam momentos de felicidade, as pessoas produzem esses momentos para postar. Temos que viver a nossa vida como a gente achar que é melhor, desde que não prejudique o outro”. Maria Laura defendeu que “é precisa ter uma formação ética, uma formação digital” para conscientizar sobre o uso das redes, para trabalhar a segurança na era digital.

A audiência pública foi encerrada com falas e reflexões das vereadoras Sayuri Baez, Charlene Bortoleto e da diretora do FUNLEC, Elizabeth Zanoni, que demonstraram muita gratidão.

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