Campo Grande decreta emergência na saúde após explosão de casos de síndrome respiratória

Na mesma semana em que decretou situação de emergência em saúde pública, a Capital registrou 1.048 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 45,99% em crianças menores de quatro anos.
A informação está no Decreto n. 16.246/2025, publicado em edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) neste sábado (26). A medida foi tomada devido ao aumento expressivo de casos de influenza, Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e SRAG, que provocaram superlotação nas unidades de saúde e déficit de leitos hospitalares, sobretudo pediátricos.
Esse cenário já havia se repetido em 2024, quando a cidade também declarou emergência após a alta de casos de SRAG. Na época, no fim de abril, 29 crianças aguardavam vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Na atual 17ª semana epidemiológica, os números preocupam: dos 1.048 casos de SRAG registrados, 482 ocorreram em crianças com menos de quatro anos. O aumento no uso de oxigênio infantil nas unidades de saúde também foi constatado.
Desde 2 de abril, o município opera com o COE (Centro de Operações de Emergência) para Doenças Respiratórias e Arboviroses. De acordo com relatório do COE, as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e os Centros Regionais de Saúde (CRS) registraram cerca de 3 mil atendimentos diários nas semanas epidemiológicas 15, 16 e 17. O volume representa um aumento de 125% nos casos respiratórios em abril, na comparação com fevereiro.
Medidas de emergência
A situação de emergência decretada terá validade de 90 dias e busca agilizar o atendimento na rede pública. A decisão foi tomada durante reunião do COE, na manhã deste sábado (26).
Dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde) indicam que, em Mato Grosso do Sul, já foram registradas 1.940 internações por SRAG em 2025, com 27 óbitos.
Durante a reunião, foi informado que a rede privada não possui leitos disponíveis nem capacidade para expandir a oferta para o SUS (Sistema Único de Saúde), especialmente de UTI pediátrica.
Segundo a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, o decreto permitirá a adoção de medidas operacionais emergenciais. Entre elas, a vacinação contra a gripe será liberada para toda a população a partir deste domingo (27).
Outra ação prevista é a transferência de pacientes do Pronto Atendimento Infantil, no Bairro Tiradentes, para as UPAs Universitário e Coronel Antonino, que funcionam 24 horas e têm capacidade para receber casos menos graves.
O Pronto Atendimento Infantil passará a ser referência para internação de casos graves, devido à sua estrutura mais adequada para suporte intensivo, diante da escassez de vagas hospitalares. Atualmente, o Ministério da Saúde estabelece que pacientes internados em UPAs devem ser transferidos para hospitais após 24 horas, mas a falta de leitos tem dificultado o cumprimento da norma.