No sistema prisional de Três Lagoas, uma realidade preocupante vem à tona: mais de 700 presos são supervisionados por menos de 10 servidores em um plantão. Esses profissionais não só executam o trabalho interno, mas também cuidam da muralha e, eventualmente, realizam escoltas. Tal cenário evidencia não apenas a sobrecarga enfrentada pelos servidores, mas também a vulnerabilidade do sistema prisional como um todo.
A fuga recente de detentos da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande amplifica ainda mais essa preocupação. O Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (SINSAPP/MS) esclareceu que as reivindicações da classe incluem a criação da Polícia Penal, visando aliviar a sobrecarga de funções assumidas pelos policiais penais.
Essa sobrecarga não é apenas uma questão de quantidade de trabalho, mas também de qualidade. Por exemplo, um servidor é responsável por monitorar quatro telas de 50 polegadas, subdivididas em 16 vídeos, totalizando 64 telas para serem vigiadas por apenas um indivíduo. Além disso, a administração determinou o aumento da jornada de trabalho para essa tarefa específica.
Como resultado direto dessa sobrecarga, muitos servidores têm adoecido, impactando ainda mais o efetivo disponível para lidar com a complexidade do sistema prisional. A situação observada na Penitenciária de Segurança Máxima não é isolada, sendo apenas um exemplo das falhas estruturais e de segurança que colocam em risco não apenas os servidores, mas toda a população.
A penitenciária em questão, por ser antiga, teve que se adaptar às necessidades atuais, o que comprometeu suas características de segurança. Com apenas 11 plantonistas para monitorar mais de 2,4 mil detentos e apenas uma torre de vigilância ativa em um complexo que conta com nove, a vulnerabilidade é evidente.
O SINSAPP/MS há anos tem apontado essas falhas de segurança e estruturais, clamando por medidas urgentes para proteger a população. Além disso, questiona-se a transferência de detentos com histórico de tentativas de fuga para unidades menos seguras, como a Máxima.
Outro ponto crucial é a localização da penitenciária em uma área urbanizada, o que facilita tentativas de fuga. Na última fuga registrada, uma corda foi lançada para a área interna do presídio, evidenciando a vulnerabilidade do perímetro.
Diante desse quadro alarmante, o SINSAPP/MS destaca a urgência da regulamentação da Polícia Penal e a realização de concursos públicos para suprir a demanda existente. Somente com essas medidas será possível garantir a segurança tanto dos servidores quanto da população em geral.
A fuga recente de detentos apenas reforça a necessidade premente de ações efetivas para fortalecer o sistema prisional e garantir que casos como esse não se repitam. As autoridades competentes precisam agir com rapidez e determinação para enfrentar os desafios que assolam o sistema carcerário em Três Lagoas e em todo o país.
Protestos
O Bolsão em Destaque está aberto para ouvir ambas as partes envolvidas nessa complexa questão. Reconhecendo a importância do diálogo e da colaboração mútua, todas as vozes têm espaço para contribuir com ideias e soluções que possam promover melhorias significativas no sistema prisional. É fundamental que tanto os representantes dos servidores quanto as autoridades responsáveis estejam dispostos a participar de um debate construtivo e propositivo, visando encontrar soluções eficazes para os desafios enfrentados.