CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP) - Bolsão em Destaque de Três Lagoas
BrasilândiaDestaque

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

Considerados globalmente ameaçados de extinção, 40 mutuns-de-penacho serão soltos em Brasilândia (MS) e em Castilho (SP). Nesta primeira etapa, foram 20 aves soltas em áreas de soltura e manejo da companhia

A CESP – Companhia Energética de São Paulo, subsidiária integral da Auren Energia, irá realizar a soltura de 40 aves da espécie mutum-de-penacho (Crax fasciolata) no leste de Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo, área de influência da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera). A ação faz parte do projeto de Soltura do Mutum-de-Penacho, uma iniciativa da empresa para a preservação dessa espécie na região.

De acordo com André Rocha, gerente de Sustentabilidade e Operações da empresa, os animais que serão soltos são descendentes de indivíduos resgatados há cerca de duas décadas pela companhia, durante a construção do reservatório da Usina. Na época, foram resgatadas cerca de 140 aves, sendo a grande maioria solta na natureza e levada para instituições como zoológicos e centros de conservação. O restante, em torno de 40 indivíduos, foi encaminhado para o Centro de Conservação de Aves Silvestres (CCAS), da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, em Paraibuna (SP), visando a proteção da espécie por meio da reprodução em cativeiro, com o acompanhamento de equipe técnica e qualificada.

“A CESP tem o compromisso com a conservação da biodiversidade e proteção dos nossos recursos naturais. Faz parte do nosso negócio. Por isso, mantemos várias ações com o objetivo de promover a preservação da fauna e da flora na região, que incluem ações de manejo e proteção de Unidades de Conservação e APPs (Áreas de Preservação Permanente) e de reflorestamento de regiões degradadas, visando, principalmente, a criação de corredores ecológicos para auxiliar na proteção de animais silvestres. Por isso, é com muito orgulho que dizemos que, depois de 20 anos de muita dedicação e cuidados, essas aves tão importantes para o equilíbrio ambiental dos biomas estão retornando para casa.”, destaca Rocha.

Devido aos cuidados que a operação envolve, o processo de soltura dos animais foi dividido em duas etapas. Na primeira delas, iniciada no dia 26 de outubro, foram transferidos 20 animais da UHE Paraibuna, dez seguiram para a Área de Soltura e Manejo de Fauna da Fazenda Cisalpina, Unidade de Conservação da CESP no município de Brasilândia, e outros dez, para a Área de Soltura e Manejo de Fauna da Foz do rio Aguapeí, em Castilho (SP).  

Para receber os animais, dois viveiros semelhantes ao existente no CCAS, com 17 metros de comprimento, por 4,5 metros de altura e 7,8 metros de largura, foram construídos nas duas propriedades com o objetivo de facilitar o processo de adaptação das aves. “Esta é uma ação bastante complexa. Vai muito além de pegar essas aves do viveiro e soltar na natureza. O projeto começou com meses de antecedência, com a construção dos viveiros, estudos e planejamento estratégico. Depois, iniciamos as avaliações constantes dos animais, incluindo exames médicos e treinamentos comportamentais, visando garantir que eles estejam saudáveis e aptos para a soltura. A viagem da UHE Paraibuna, no estado de São Paulo, até a Reserva Cisalpina também teve atenção especial, com contratação de empresa especializada no transporte de animais silvestres, e foi realizado no período noturno, tudo para reduzir qualquer estresse dos animais e garantir que eles cheguem bem e saudáveis”, completa Rocha.

Já nas áreas de soltura e manejo nos dois municípios, a equipe técnica do projeto, que envolve biólogos e veterinários, continuou com o processo de adaptação e treinamento dos animais.

Soltura branda

No dia 26 novembro, após período de quarentena das aves, foi iniciada a ação de soltura branda. Nesta etapa, as portas do viveiro foram abertas e as aves continuam recebendo alimentação dos tratadores – os alimentos são escondidos na mata para incentivar a integração das aves ao ambiente – até que o viveiro seja por fim fechado. Antes disso, porém, todos os indivíduos receberam equipamentos radiotransmissores no dorso, para que possam ser monitoradas pela equipe responsável.

Fortalecimento da espécie

Para o pesquisador Sérgio Posso, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), especialista em Ornitologia e coordenador do projeto, a ação de soltura dos mutuns-de-penacho só tem a enriquecer a fauna das regiões leste de Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo.

Hoje, explica o pesquisador, essa espécie já é considerada ameaçada em diversas regiões do país, principalmente na região sudeste, como Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, onde a classificação é de criticamente em perigo. Em outras regiões, sobrevivem somente pequenos grupos, o que aumenta as chances de extinção, uma vez que, além da redução da variabilidade genética, a ave também é alvo de caça predatória e de ataques de animais domésticos. 

“Como existem somente pequenos grupos, se reproduzindo entre si, podem ocorrer problemas genéticos e o enfraquecimento dos indivíduos, o que, somado aos outros riscos, entre eles a caça predatória, pode levar ao seu desaparecimento. A vinda de novos indivíduos, com novos genes só tem a agregar para a diversidade genética e aumentar a população dessa espécie na região”, reforça o pesquisador.

Reflorestador natural

Com cerca de 60 centímetros de altura e pesando de 2,5 a 3 quilos, o mutum-de-penacho também é conhecido por ser um excelente dispersor de sementes. Como se trata de um animal de solo – ele sobe em árvores somente para dormir -, o mutum se alimenta de pequenos insetos e de sementes de árvores, o que ajuda a disseminá-las pela região.

“Além de extremamente bonita, essa ave é muito importante para o equilíbrio ambiental. Por isso, ações como esta da CESP são extremamente importantes para a conservação e aumento da população da espécie e da biodiversidade como um todo, levando em consideração a importância dessa ave para o reflorestamento. Hoje, em Mato Grosso do Sul, ainda há muitos animais, mas não podemos repetir os mesmos erros cometidos por outras regiões no passado”, completa Posso. 

A segunda fase do projeto está prevista iniciar neste mês e consistirá na transferência de mais 20 indivíduos de mutum-de-penacho. Assim como na primeira etapa, serão soltos 10 em Brasilândia e outros dez, em Castilho.

Botão Voltar ao topo