Conchita Santamaria a “Rainha de Tres Lagoas” - Bolsão em Destaque de Três Lagoas
A Historia de Três LagoasDestaque

Conchita Santamaria a “Rainha de Tres Lagoas”

O Almanaque Illustrado de 1928 é uma verdadeira relíquia histórica, um testemunho dos tempos passados em Três Lagoas. Publicado pela “Gazeta do Commércio,” ele reflete a vida social e cultural da época, trazendo à tona eventos que moldaram a identidade local. Uma das preciosidades deste almanaque é a coroação de Conchita Santamaria como a “Rainha de Tres Lagoas,” um título concedido em um concurso de beleza realizado pelo jornal.

Transcrevemos na íntegra, confira:

A Rainha de Tres Lagoas

**“Tres Lagoas está de parabéns pelo êxito feliz do concurso realizado pela Gazeta do Commércio, ao qual acorreu pressurosa a mocidade, que no decorrer do prélio que se travou entre tres peregrinas formosuras de nossa terra, não se continha ante a surpresa da competição que ora colocava uma, ora outra em primeiro lugar, até final da luta, quando, enfim, Conchita Santamaria, tipo de belleza meridional, sob traços vividos da maior pureza de linha, foi sobreposta às demais, tal é a impressão que causam os seus atributos plásticos e a sua modéstia exemplar.”

Democrata, virtuosa, digna de alçar a corôa de louros da rainha de Tres Lagoas, Conchita Santamaria é filha do sr. Guilherme Santamaria e conta presentemente 16 annos de idade, e no pleno desabrochar da sua formosura de mulher e de senhora, quasi ao entreabrir da campânula que dá à mulher gozar aureolada em meio dos perfumes das compensações, essencias da virtude.

O segundo lugar coube a Joanna Soares do Couto, normalista e professora, a cujo espírito de eleição deve a nossa infância as luzes que adquire no Grupon Escolar local onde lecciona e é acatada pela sua inteligência e pelo fulgor da sua proficiência no magistério.

Filha da risonha e sempre verde Cuyabá, tem do berço a belleza melanchólica, tem do céu peculiar a formosura, das condições mesológicas a gentileza, a graça e o enigmatico sorriso.

Em terceiro lugar vem Arthémisia Pires, a vivacidade lusitana, a graça espiritualizada, o terno encanto dos fados e a modéstia personificada.

Filha do sr. Francisco Pires, é muito joven ainda e guarda na pureza dos olhos todo um mundo de virtudes aureolaes que fazem de sua pessoa o alvo da emulação.

Victoria brilhante sob todos os pontos de vista, merecedora e justa pelo que exprime de real, o concurso da Gazeta nada mais fez do que homologar um direito que era mister se fizesse justiça às tres formosas senhorinhas ás quaes a natureza já ha prezido com o estemma real da belleza.”**

Análise e Contexto

O artigo do Almanaque oferece um olhar profundo sobre os valores estéticos e morais da época em Três Lagoas. Conchita Santamaria, aos 16 anos, é descrita como um símbolo de beleza meridional, que além de seus atributos físicos notáveis, é também uma jovem modesta e virtuosa, qualidades que, na visão da sociedade local, a tornam merecedora do título de “Rainha de Tres Lagoas”. A ênfase na combinação de beleza e virtude reflete os ideais da época, onde as mulheres eram valorizadas não só por sua aparência, mas também por sua moralidade e papel social.

Além de Conchita, o texto também menciona outras concorrentes notáveis, como Joanna Soares do Couto, uma educadora respeitada, e Arthémisia Pires, destacada por sua vivacidade e pureza. Cada uma dessas mulheres é retratada com uma linguagem poética que exalta suas qualidades, não apenas físicas, mas também espirituais e intelectuais, sublinhando o quanto esses concursos eram um reflexo dos valores da sociedade de Três Lagoas na década de 1920.

Importância Histórica

O Almanaque Illustrado de 1928 serve como uma cápsula do tempo, oferecendo uma visão rara de como eram as interações sociais e os valores culturais em Três Lagoas durante essa época. A importância de concursos como esse não se limitava à celebração da beleza; eles também eram eventos que promoviam a cultura local, reforçavam os papéis sociais e serviam como um espaço de validação pública para as jovens da cidade.

Para os estudiosos e entusiastas da história de Três Lagoas, o Almanaque oferece um recurso valioso, que ajuda a compreender melhor as dinâmicas sociais e culturais da cidade em seus primeiros anos. Através de textos como este, podemos apreciar as raízes culturais e os valores que moldaram a identidade de Três Lagoas, e como essas tradições continuam a influenciar a cidade até os dias de hoje.

Confira mais sobre Três Lagoas:

Botão Voltar ao topo