Hidrovia de Mato Grosso do Sul cresce 80% e Porto Murtinho deve exportar até 1,2 milhão de toneladas neste ano
A hidrovia na região de Porto Murtinho reserva uma perspectiva fascinante para este ano, com um escoamento estimado de 1,2 milhão de toneladas de diversos produtos, com destaque para soja e açúcar. Essa previsão empolgante foi compartilhada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, durante sua visita ao município de Porto Murtinho e às obras da Ponte que conecta essa localidade sul-mato-grossense a Carmelo Peralta, no Paraguai.
Segundo o boletim Aquaviário da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), referente ao período de janeiro a março deste ano, Mato Grosso do Sul experimentou um notável aumento de mais de 80% no transporte de cargas pela hidrovia, atingindo a marca impressionante de quase 1,6 milhão de toneladas. Dentre esse volume expressivo, o minério de ferro se destacou com mais de 1,3 milhão de toneladas, seguido de perto pela soja, que teve origem justamente em Porto Murtinho e ultrapassou a marca de 153 mil toneladas.
A operação grandiosa da hidrovia evidencia o sucesso do projeto desenvolvido pelo Estado no passado, conhecido como Proex (Programa de Estímulo às Exportações), por meio da hidrovia. Essa realização destaca-se por sua significativa variedade de toneladas, sendo mais de 300 mil toneladas de grãos e açúcar transportados pelo porto privado da FV Cereais no ano passado. Para 2023, estima-se que ocorra um recorde nessa atividade, superando 1,2 milhão de toneladas.
Atualmente, o Terminal Portuário do Grupo FV, inaugurado em 2020, é responsável pelo transporte de cargas em Porto Murtinho e se destaca por utilizar a hidrovia como rota para escoamento de grãos. Com uma área de 50 hectares, dos quais 26 hectares são utilizáveis e com 500 metros de frente para o Rio Paraguai.
O terminal possui uma capacidade de fluxo de embarque de mil toneladas por hora, para o transbordo de soja, milho, açúcar e também para a importação de fertilizantes. Sua estrutura tem capacidade para movimentar até 2 milhões de toneladas de grãos por ano.
A expectativa otimista baseia-se na quebra da safra de soja na Argentina. “Neste ano, temos uma característica ainda mais importante, que é a quebra de safra na Argentina. Isso torna o país um grande comprador de soja em grão. Portanto, estimamos que este ano alcançaremos um recorde de exportações, uma situação que já está ocorrendo nos portos”, salientou, enfatizando o potencial da hidrovia para impulsionar as exportações de Mato Grosso do Sul e, futuramente, também as importações.
“Estamos entusiasmados e planejando a expansão do terminal, pois o porto do Grupo FV se estabeleceu em 2023 como o novo corredor logístico para o escoamento de grãos, proporcionando um mercado inovador para a Trading e para os produtores rurais. Esse novo corredor logístico movimentará quase 10% da produção do Estado de forma sustentável e otimizada, trazendo eficiência, reduzindo o desgaste das rodovias e a poluição. Tudo isso se resume em agregar valor a toda a cadeia produtiva da soja em Mato Grosso do Sul, promovendo crescimento também ao município de Porto Murtinho”, destacou Rubia Cynara, diretora administrativa e financeira do Grupo FV, em entrevista ao site da empresa.
Desenvolvimento da Infraestrutura
O aumento significativo no volume de exportações ressalta a necessidade urgente de aprimorar a infraestrutura para facilitar o acesso ao município. Esse aspecto preocupante foi expresso pelo responsável da Semadesc durante a visita ao estacionamento de caminhões do grupo Vicari. “Encontramo-nos aqui na Vicari, conhecida como o ponto de parada dos caminhões, o pulmão onde todos os transportadores chegam para realizar as exportações. Diariamente, até 250 caminhões de soja chegam aqui para serem exportados pela hidrovia. Isso também demonstra a visão empreendedora de criar um estacionamento que será utilizado para a Rota Bioceânica”, afirmou.
A magnitude do impacto que a Rota Bioceânica acarretará também foi enfatizada por Verruck. “É crucial destacar a dimensão do impacto do porto quando uma hidrovia estiver operando, principalmente com um produto de exportação tão importante quanto a soja, o qual desempenha um papel fundamental para o Mato Grosso do Sul. Atualmente, já observamos um movimento de 250 caminhões, porém, quando imaginamos a Rota plenamente consolidada, podemos projetar cerca de mil caminhões transitando por dia. Isso ressalta a necessidade de um investimento substancial do governo em infraestrutura e melhorias para o município”, ressaltou.
Na última sexta-feira (19), o secretário Hélio Peluffo, da Seilog (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística), visitou o canteiro de obras da ponte localizada no lado brasileiro, visando fortalecer a Rota, estreitando assim os laços entre o governo sul-mato-grossense e o consórcio formado por duas empresas paraguaias e uma brasileira.
Durante a visita, ele coletou demandas e identificou necessidades de intervenção por parte do Estado, como aprimorar o acesso provisório para garantir o fluxo dos insumos brasileiros até a obra, além da implantação de uma rede de energia trifásica no canteiro, já que a construtora está utilizando geradores de energia para a produção de concreto.
“O secretário Hélio Peluffo esteve na cidade na semana passada avaliando toda a questão da infraestrutura e as melhorias necessárias para lidarmos com o tráfego que já ocorre atualmente em Murtinho por meio da hidrovia. Entretanto, também estamos planejando medidas futuras de reestruturação para atender as exportações pelo município”, concluiu.