A reportagem de 4 de janeiro de 1925, publicada na “Gazeta do Comércio” de Três Lagoas, destaca um importante marco no processo de industrialização da jovem cidade. Neste artigo, a publicação enaltece o progresso industrial representado pela construção de um curtume, um empreendimento significativo para a região, especialmente em um período em que Três Lagoas ainda dava seus primeiros passos no setor industrial.

Na década de 1920, a agropecuária em Três Lagoas estava em plena expansão, impulsionada pela rica produção de gado e o crescimento das atividades agrícolas na região. Esse setor se beneficiava diretamente da construção e operação da ferrovia, que já estava em funcionamento na época, facilitando o transporte de mercadorias e produtos agropecuários para mercados maiores, como São Paulo e outros centros urbanos. A ferrovia não apenas permitia o escoamento eficiente da produção local, como também reduzia os custos de transporte, atraindo investidores e estimulando o desenvolvimento industrial, como a instalação do curtume mencionado em 1925.

Com vastas áreas de pastagem e condições naturais favoráveis, a cidade rapidamente se consolidou como um centro pecuário de destaque. Esse aumento nas atividades de pecuária resultou em uma produção expressiva de carne, couro e outros derivados, que abasteciam tanto o mercado local quanto eram exportados para outras regiões do Brasil. A demanda por produtos agropecuários crescia, e a expansão das fazendas de gado impulsionava a economia local, ao mesmo tempo em que contribuía para a formação de uma rede comercial mais ampla, conectando Três Lagoas a importantes mercados consumidores do país.

Esse cenário fez com que Três Lagoas se consolidasse como um polo econômico regional, integrando-se cada vez mais ao processo de modernização nacional.

O Curtume e sua Importância

Segundo o texto, o curtume estava sendo erguido na localidade conhecida como Barranca, em um terreno pertencente ao senhor José da Câmara Jardim. A direção do projeto estava a cargo do senhor Joaquim Bento Rascaõ, descrito como um profissional de “íntegra competência”, reforçando a seriedade e o compromisso com o desenvolvimento local. A construção de um curtume não era um empreendimento comum para cidades tão jovens, o que evidencia a visão estratégica de impulsionar a economia local por meio da indústria.

O curtume, sendo uma fábrica destinada ao tratamento de couro, prometia alavancar a incipiente industrialização da região. Este tipo de estabelecimento era crucial em áreas com forte atividade pecuária, como era o caso de Três Lagoas. A indústria coureira representava uma das principais formas de agregar valor à produção agropecuária, e a instalação do curtume indicava um avanço significativo no aproveitamento dos recursos locais. O artigo menciona, com tom de otimismo, que o empreendimento contribuiria para o fortalecimento da indústria na região e o crescimento econômico da cidade.

O Apelo ao Público

O texto também contém um apelo direto à população de Três Lagoas, pedindo apoio e incentivo ao novo empreendimento. Esse pedido reflete a necessidade de mobilização social em torno do projeto, destacando a importância da unidade entre iniciativa privada e a sociedade para o sucesso do curtume. A imprensa, ao reforçar o valor deste tipo de indústria, tentava engajar o público no desenvolvimento econômico e no progresso da cidade.

Abertura de um Açougue

Além do curtume, a reportagem também menciona outro sinal de progresso: a inauguração de um açougue na Rua Mato Grosso, número 31, por Sylvino Rodrigues. Esse estabelecimento prometia oferecer carnes verdes e salgadas, de vaca e porco, com a melhor qualidade possível. O açougue servia como complemento ao desenvolvimento industrial, conectando diretamente o produto final da indústria pecuária ao consumidor. A criação de uma estrutura comercial local, como a de um açougue, era fundamental para sustentar o crescimento populacional e econômico que Três Lagoas vislumbrava.

O Contexto Industrial de Três Lagoas

Nos primeiros anos do século XX, Três Lagoas ainda era uma cidade em fase de consolidação, tanto populacional quanto estrutural. A construção de uma indústria como o curtume simbolizava a tentativa de modernizar e inserir a cidade em um contexto mais amplo de crescimento econômico nacional. O Brasil, naquele período, ainda se encontrava predominantemente agrícola, mas as cidades que investiam em indústrias, como Três Lagoas, estavam à frente de seu tempo, antecipando o futuro industrial que moldaria o país nas décadas seguintes.

A instalação desse curtume não só aumentaria o valor agregado dos produtos regionais, como também abriria postos de trabalho, beneficiando a economia local e melhorando as condições de vida da população.

A reportagem de janeiro de 1925 celebra um marco importante no desenvolvimento industrial de Três Lagoas. A instalação do curtume sob a supervisão de Joaquim Bento Rascaõ mostra o esforço da cidade em diversificar suas atividades econômicas e construir uma base industrial sólida. O incentivo da imprensa e o apoio público eram fundamentais para o sucesso dessas iniciativas. Com o tempo, esse tipo de empreendimento ajudaria a solidificar a economia local, contribuindo para a evolução de Três Lagoas em uma cidade próspera e industrializada.

Esse momento é um reflexo de uma época em que o progresso e a industrialização eram vistos como caminhos para o desenvolvimento, e Três Lagoas começava a trilhar essa jornada.

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