Rio Paraná: O Naufrágio da balsa no Jupiá em 1922
Três Lagoas foi palco de um incidente nas águas do rio Paraná, evento está registrado na edição da Gazeta do Comércio. Durante a noite de 21 para 22 de maio em 1922, uma balsa, que estava ancorada na margem paulista do rio, naufragou inesperadamente, levando consigo três vagões que se encontravam em seu interior. Dois desses vagões estavam carregados com carne seca, enquanto o terceiro continha 102 sacos de cimento, destinadas ao prosseguimento das obras da ponte Francisco de Sá.
A embarcação, que havia começado sua viagem carregada com cinco vagões, já tinha desembarcado dois deles no dia 20. O plano era desembarcar o restante no dia 22, mas o infortúnio aconteceu um dia antes, na noite do dia 21, quando a balsa começou a receber água pela popa, levando à queda dos vagões no rio. A carga se desprendeu dos calços e se precipitou nas profundezas do Paraná, arrastando a embarcação junto.
Apesar da magnitude do incidente, não houve vítimas a lamentar, o que foi um alívio para todos os envolvidos. O perigo de um naufrágio dessa natureza, especialmente com trabalhadores a bordo, poderia ter resultado em uma tragédia muito maior. A rápida inundação e naufrágio da balsa ocorreu de forma tão abrupta que os vagões, carregados de produtos essenciais para a região, afundaram imediatamente.
No entanto, o trabalho não terminou com o naufrágio. Já nos dias seguintes, as autoridades e trabalhadores da região iniciaram ativamente operações de resgate tanto da embarcação quanto dos vagões perdidos.
Esse naufrágio, apesar de evitado em termos de perdas humanas, foi um lembrete da fragilidade das operações logísticas fluviais na época e da importância de manter a segurança tanto das cargas quanto dos trabalhadores envolvidos nas obras de infraestrutura.
A travessia do Rio Paraná, no Jupiá, era feita por balsas. Duas locomotivas, uma de cada lado do rio, carregavam e descarregavam vagões nas balsas. Elas eram compostas de duas balsas de ferro unidas uma à outra, possuindo cinco linhas paralelas. Essas lanchas chatas eram presas às poupas de dois rebocadores, o Conde Frontim e o Marechal Hermes, os quais, na verdade, empurravam-nas.
Os passageiros desembarcavam na antiga estação do Jupiá, que se encontrava do lado paulista do Rio Paraná. De lá, prosseguiam em um barco auxiliar para o Jupiá tres-lagoense, onde novamente embarcavam no trem, uma vez que este estivesse devidamente carregado. O sistema funcionou até 1926, quando foi inaugurada a Ponte Francisco Sá.
A tragédia evitada e o esforço de resgate destacam um momento significativo da história de Três Lagoas e da região do rio Paraná, reforçando o papel do rio como uma via essencial para o transporte de materiais e o desenvolvimento urbano no início do século XX.
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