Saiba como se proteger de raios durante tempestades

Em casos de tempestades com raios, há algumas opções mais seguras para se evitar que pessoas sejam atingidas. Em praias, a recomendação Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é evitar ficar dentro da água, não caminhar em áreas descampadas e não permanecer embaixo de guarda-sol, tenda nem quiosque.
No sábado (20), oito pessoas foram atingidas por um raio na Praia da Vila Caiçara, no município de Praia Grande, no litoral paulista. Elas foram socorridas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Samambaia. No entanto, uma mulher de 60 anos não resistiu e morreu. As demais vítimas sofreram ferimentos leves e já foram liberadas.
Desde a última sexta-feira (19), quatro pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas que atingiram o estado de São Paulo, segundo informações da Defesa Civil do estado.
O Elat orienta ainda que, durante tempestades, é importante buscar opções mais seguras de abrigo, como veículo não conversível, com portas e vidros fechados, evitando contato com a lataria. Em moradias ou prédios, deve-se manter distância das redes elétrica, telefônica e hidráulica, assim como de portas e janelas metálicas. Outra opção é procurar abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis.
Se não houver nenhum abrigo seguro por perto, a orientação é afastar-se de qualquer ponto mais alto e de objetos metálicos, manter os pés juntos, agachar-se até a tempestade passar, e não ficar deitado.

A Defesa Civil do estado de São Paulo reforçou que, se a pessoa estiver em qualquer área aberta durante uma tempestade, como praia, piscina, estacionamento e campo de futebol, deve sair imediatamente do local.
Ao aviso de tempestade ou ao escutar trovões, a orientação é se abrigar imediatamente em uma edificação ou veículo, permanecendo longe de janelas, tomadas e materiais metálicos e evitando árvores ou coberturas metálicas frágeis. Além disso, a recomendação é desconectar aparelhos eletrônicos das tomadas; e não utilizar aparelhos conectados às fiações telefônica e elétrica.
A orientação é manter distância de objetos altos e isolados, como árvores, postes, antenas e caixas d’água; afastar-se de objetos metálicos grandes e expostos, como tratores, escadas, cercas de arame; não soltar pipas e não carregar objetos como canos e varas; evitar dirigir e andar de bicicleta, motocicleta ou a cavalo.
Mato Grosso do Sul é estado com maior incidência de raios, segundo Inpe
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que Mato Grosso do Sul é um dos Estados que registra o maior índice de incidência de raios do Brasil. A informação faz parte de estudo, conduzido pelo professor do curso de Matemática da UFMS, Moacir Lacerda, apresentado na última edição do projeto Papo com Ciência, desenvolvido pela Embrapa Pantanal (Corumbá – MS) – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Na região sudoeste do Estado a incidência de descargas elétricas corresponde a 16 raios por quilômetro quadrado, durante o período de um ano. Em outras áreas, a ocorrência do fenômeno varia de oito a 12 raios por quilômetro quadrado. Para Lacerda, os efeitos das descargas elétricas em Mato Grosso do Sul são mais amplos, em função das atividades agrícolas e da amplitude da planície – características que podem colocar a população em situações de maior vulnerabilidade.
O tema chamou a atenção dos participantes do Papo com Ciência que ouviram atentamente as explicações do professor com relação à formação de raios e, aproveitaram também a oportunidade, para esclarecer crenças e ditados populares associados à ocorrência de raios. “Um raio pode cair sim, mais de uma vez num mesmo lugar”, esclareceu Moacir, ao relatar que caso ocorrido na universidade onde estudou, onde foi registrada a queda de 63 raios numa mesma torre da área.
O fato de um raio cair num mesmo lugar mais de uma vez demonstra que a área é bastante propicia para a ocorrência do fenômeno, o que pode levar a repetição do mesmo. “Quanto maior a altura de uma nuvem, mais fria é a temperatura da atmosfera, assim o vapor d’água – responsável pela formação das nuvens – condensa, transformando-se em cristais de gelo. Essas partículas começam a cair e se chocam com outros cristais de gelo, que estão subindo por serem mais leves e pelas influências da variação de temperatura. Esse atrito é o que produz a eletrização da nuvem, ou seja, as cargas elétricas responsáveis pelas descargas”, explicou.
Moacir ressaltou ainda que as diferenças entre as cargas positivas e negativas presentes no interior das nuvens produzem campos elétricos intensos, transformando o ar num bom condutor de energia. Dentre os problemas causados pelos raios, ele ressaltou a morte de rebanhos bovinos próximos a cercas, morte de pessoas embaixo de árvores e árvores que explodiram. Para se proteger dos raios, o professor sugere que a população evite permanecer em campos abertos durante uma tempestade em pé ou sentado. “O melhor é ficar agachado com os pés juntos”, aconselhou.
Os participantes do Papo com Ciência também tiveram a oportunidade de conhecer características de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas eficiente. “Eles devem ser construídos com pontos de captação definidos, através de caminhos seguros de descarga até o solo, além de circuitos eletrônicos que bloqueiam a entrada de descargas elétricas nos equipamentos”, finalizou.
Para o comandante do 3º Grupamento de Bombeiros, Tenente Coronel Pedro Jorge Barbosa Ronda, que esteve presente no evento, a palestra foi de grande valia para o Corpo de Bombeiros. “Esclarecemos muitas dúvidas sobre o assunto, agora temos a certeza de que muitas vezes um incêndio pode começar realmente através de uma descarga elétrica”, afirmou o comandante.
O projeto Papo com Ciência busca contribuir para a popularização da ciência e conta com o apoio do Posto 10 – empresa que vem investindo na iniciativa há três meses, e do site www.corumba.com.br. A próxima edição do evento acontecerá no dia 4 de agosto. Na ocasião, a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Suzana Maria de Salis, fará uma apresentação sobre a “Flora do Pantanal”.